14 dez É inconstitucional cobrar trabalhador que perde processo,diz dirigente
Posted at 12:23h
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Virou notícia nesta quarta-feira (13/12) o caso da bancária que moveu processo contra o banco Itaú em Volta Redonda (RJ) e foi condenada pela 2ª Vara da Justiça do Trabalho do município a pagar R$ 67, 5 mil reais para a instituição financeira. A decisão foi baseada na reforma trabalhista que determina que aquele que perder o processo na Justiça paga as despesas. Augusto Vasconcelos, dirigente dos bancários da Bahia, afirmou que a cobrança é inconstitucional.
Por Railídia Carvalho
Entre outras alegações, a trabalhadora pedia compensação por danos resultantes de horas extras, acúmulo de função, assédio e a não concessão dos 15 minutos de intervalo entre a jornada normal e as horas extras. À exceção do último ponto, deferido pelo juiz Thiago Rabelo da Costa, os demais motivos foram negados. A bancária também teve negado o benefício da justiça gratuita. Ao final da decisão, o Itaú terá que desembolsar 7,5 mil por despesas com advogados e ficará à cargo da trabalhadora pagar R$ 67,5 mil aos advogados do banco.
Augusto, que é presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, explicou que a cobrança das custas processuais do trabalhador é uma violação do princípio do acesso deste trabalhador à Justiça. “É uma das faces mais perversas dessa reforma trabalhista que, na prática, vai gerar como feito colateral o amedrontamento do trabalhador para ingressar na Justiça, facilitando a sonegação de direitos”. A decisão contra a gerente comercial do Itaú é o segundo caso em que um juiz do trabalho decide em favor da empresa e onera o trabalhador. O primeiro aconteceu em Ilhéus (BA) no primeiro dia de vigência da reforma.
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Pressão no STF
Enquanto mantêm a mobilização pela revogação da reforma trabalhista, os bancários da Bahia vêem na pressão ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma forma de suspender os efeitos da reforma trabalhista. Augusto lembrou que a Procuradoria Geral da República (PGR), sob a gestão do procurador Rodrigo Janot, protocolou em agosto no Supremo Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) questionando, entre outros pontos, as restrições que artigos da nova lei impõem à gratuidade judiciária. Pela reforma trabalhista, a parte que perde a ação é obrigada a pagar as custas advocatícias mesmo que prove não ter condições de pagar.
Na justificativa da ADI, Janot cita que a reforma trabalhista viola direitos, entre eles o acesso à Justiça. “Com propósito desregulamentador e declarado objetivo de reduzir o número de demandas perante a Justiça do Trabalho, a legislação avançou sobre garantias processuais e viola direito fundamental dos trabalhadores pobres à gratuidade judiciária, como pressuposto de acesso à jurisdição trabalhista”, enumerou Janot à época. O Procurador pede através da ADI que seja concedida decisão liminar que suspenda de imediato os artigos da reforma trabalhista que restringem o acesso à justiça gratuita. Ainda não há previsão de julgamente da Ação.
Termo de compromisso com Fenaban
Em paralelo a essa movimentação política junto ao STF e pela revogação da reforma, Augusto lembrou que o sindicato tem apresentado ações individuais na Justiça questionando a constitucionalidade da cobrança. “Também entregamos um termo de compromisso com 20 itens para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para proteger os trabalhadores dos efeitos da reforma trabalhista. Estamos solicitando audiência para tratar do assunto. O termo é para estabelecer limites para diversos pontos da reforma, entre eles, a terceirização, teletrabalho, jornada e trabalho intermitente”, explicou Augusto.
Augusto alertou que desde a aprovação da reforma trabalhista e à vigência da lei, em 11 de novembro, a violação aos direitos dos trabalhadores se intensificou. Ele lembrou que o Santander lançou um documento nacional para os trabalhadores assinarem acordo do banco de horas sem a presença do sindicato, situação prevista pela nova lei. “Esse é um exemplo mas é possível verificar que a terceirização se intensifica e também jornadas de trabalho incompatíveis com o que é previsto em cada categoria. O teletrabalho já não tem mais hora-extra. Daí a importância de assegurar a concretização do Termo de Compromisso para preservar os direitos dos trabalhadores”, enfatizou o sindicalista.
Fonte: Vermelho